NUTRIÇÃO AFETANDO A REPRODUÇÃO E A PUBERDADE DAS FEMEAS – PARTE I
A pecuária de cria no Brasil de forma geral ainda trabalha com índices muito baixos, o que mexe com o mercado nacional. Nos últimos anos se avaliarmos as maiorias das tecnologias desenvolvidas, quase todas são para a faze de recria e engorda, e pouca coisa tem sido feito para a fase de cria. Se pegarmos os dados de pesquisa de suplementação animal, a maioria são para animais em terminação, suplementação a pasto para aumentar o ganho de peso, dietas cada mais quentes e uso de ionóforos e antibióticos em dietas de confinamento para acelerar a terminação do animal. Pesquisas com intensificação de pastagem e irrigação quase que em sua totalidade são para animais de recria e engorda. Ou seja, cada vez mais estamos matando animais mais pesados e com menor tempo, animais mais jovens, precoces e super precoces, e a cria está sendo deixada de lado.
Esses fatores impactam significativamente no mercado, pois como a eficiência da cria não está melhorando, pois ainda vemos fazenda trabalhando com índices de fertilidade menores que 60%, taxa de desmama menores que 50%, mortalidade de bezerro acima de 5%, trabalhando com touros que não são melhoradores geneticamente falando, portanto isso implica em menos bezerro no mercado, e como a eficiência da recria e principalmente da engorda vem melhorando muito, abatendo animais mais jovens, isso causa um colapso no sistema de produção e uma falta de bezerro, porque no Brasil da década de 80 o boi morria com média de 4 a 6 anos de idade, e as eficiências da cria eram baixas, portanto tinha pouco bezerro no mercado mas demorava demais para matar o animal, hoje com a idade de abate sendo reduzida para 2 a 4 anos de média e a cria não acompanhando o avanço tecnológico temos uma falta de bezerros grande, o que faz com que esse produto seja valorizado no mercado, devido a lei de oferta e procura.
O maior avanço que vemos na cria é em relação ao melhoramento genético, bastante coisa tem sido feito nessa linha, e muitos produtores já se atentaram para o uso de touros melhoradores em suas matrizes, além dos índices de venda de sêmen crescerem a cada ano. Porém é preciso fazer mais, é preciso olhar com mais atenção para as pastagens que nossas vacas ficam, é comum ouvir dizer no meio pecuário que a vaca aguenta desaforo, pode colocar nos pastos mais rapados, que ela tem baixa exigência nutricional, entre outros. Para que possamos melhorar os índices da cria, melhorar índices de fertilidade será necessário mudar nossa visão em relação as nossas matrizes, caso contrario iremos continuar patinando na produção de bezerros, tendo pouca oferta desse produto no mercado e tendo seus preços valorizados, desencadeando em todo um processo de diminuição da lucratividade uma vez que o ágio pago por esse animal fica muito alto. Alguns possam pensam que esse alto ágio favoreça apenas o produtor de bezerros que está vendendo seu produto caro, mas é uma falsa visão, pois o ideal era que tenhamos menos ágio fazendo com que a reposição e a relação de troca melhorasse em todos os ciclos pecuários, o produtor de bezerro não iria sentir esse impacto se ele tivesse muito mais bezerro para vender uma vez que ele melhore seus índices, pois é preferível tem uma taxa de desmama de 85% e vender esse volume de bezerros com menos ágio do que ter um alto ágio mas como uma taxa de desmama de 45%.
Autor: Mateus Contatto Caseta – Zootecnista Sócio/Diretor Contatto Consultoria Ltda
Data: 29 de junho de 2017
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