CONSUMO DE MATÉRIA SECA EM PASTAGEM
O fator mais importante para se obter desempenho animal em sistema de pastagem está no consumo da mesma. Ou seja, o consumo de matéria seca é primordial para se ter um bom desempenho, não adianta eu ter uma forragem com alta composição química e os animais não consumirem quantidade suficiente dessa forragem para maximizar o desempenho. O contrario também é valido, ou seja, se eu tenho uma forragem que sua composição química não é boa, mas eu consigo fazer com que os animais consumam essa forragem o desempenho irá aparecer, e ser maximizado nessas condições.
Andrade 2003 desenvolveu um trabalho interessante na dissertação de mestrado que mostra exatamente a influencia do consumo de matéria seca no desempenho animal, ele trabalhou com Brachiaria brizantha cv Marandu (Braquiarão) em pastejo continuo utilizando 4 alturas de pastejo, 10, 20, 30 e 40 cm de altura do pasto.
Veja que quando a forragem está nova, ou seja, com 10 cm de altura sua composição química está na melhor condição, o teor de proteína foi o maior (13,7%), teor de FDN o mais baixo (60,8%) e com a melhor digestibilidade (67,1%), portanto comparando todos os outros tratamentos na condição de 10 cm é onde a forragem tinha a melhor composição química, conforme a idade da planta vai aumentando, os teores de proteína e a digestibilidade foram diminuindo e os teores de fibra aumentando ambos de forma linear, até a altura de pastejo de 40 cm.
Porém quando chegamos no consumo, percebesse que a altura da pastagem – sua disponibilidade, oferta de forragem – teve grande influencia no consumo, veja que com o pasto a 10 cm de altura como a oferta era baixa os animais não conseguiram comer a forragem, o que encarretou em um baixo ganho de peso, o menor em todos os tratamentos, mesmo se tendo uma forragem com maior composição química. Comprovante que o consumo de matéria seca é mais importante que a composição química da planta. Veja que conforme a disponibilidade de pasto foi aumentando, porque a quantidade de animal foi diminuindo na área o que faz a oferta de pasto aumentar, a qualidade da forragem foi caindo mas o consumo de matéria seca aumentou significativamente, o que refletiu no ganho de peso. O pasto com 10 cm de altura tinha uma carga animal de 5,4 cabeças/ha, portanto uma baixa oferta de forragem para cada animal, isso fez com que o consumo fosse de 1,3% PV dando assim um ganho de peso de 0,19 kg/animal/dia. Quando a altura do pasto foi para 40 cm de altura, sua qualidade caiu, a taxa de lotação também caiu, foi para 2,3 cabeças/ha fazendo com que a oferta de pasto mesmo com menor qualidade aumentasse, isso refletiu no consumo de matéria seca indo para 2,0% PV, quase que o dobro no tratamento do pasto mantido a 10 cm de altura, isso impactou em uma ganho de peso de 0,93 kg/animal/dia. Mostrando mais uma vez a importância que o consumo de matéria seca tem no desempenho animal. Se analisarmos a figura abaixo veremos a tentativa frustrada que os animais fizeram para manter o consumo de forragem.
Observem no primeiro gráfico que a massa do bocado dos animais na altura do pasto a 10 cm foi a menor, e a 40 cm foi a maior, o que é natural devido ter maior disponibilidade de forragem a massa do bocado foi crescente de acordo que a altura do pasto aumentava. Vejam que a taxa de bocado foi bem maior no pasto a 10 cm, porque como o animal ingeria pouca forragem por bocado ele tentava compensar no numero de bocados, tentando ingerir a mesma quantidade de forragem. Mesmo assim não conseguindo compensar ele pastejou mais no pasto a 10 cm, ficou praticamente uma hora a mais pastejando. Observem que o animal fez varias tentativas para conseguir manter o consumo de matéria seca, mas todas em vão, como ele ingeria menos forragem por bocado, ele fez mais taxa de bocado e pastejou mais, portanto gastando mais energia metabólica para isso, e mesmo assim não conseguiu igualar o consumo de matéria seca. Portanto é muito mais importante que fiquemos atento ao consumo de forragem do animal para que assim possamos garantir desempenho desejado.
Autor: Mateus Contatto Caseta – Zootecnista Sócio/Diretor Contatto Consultoria Ltda
Data: 07 de março de 2018
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